domingo, 28 de maio de 2006

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Fica com a cama.
Nela estão todos os meus perfumes e também os meus melhores sorrisos.
(sob o travesseiro do lado direito talvez ainda o som daquela gargalhada).
Fica com o lençóis das nossas madrugadas os cartões de crédito e todos
os poemas. O cobertor azul eu deixo porque ainda é inverno
(e eu estava acostumada a te aquecer).

As fotos também eu cedo, não as quero.
Não refletem os medos que tive, são apenas momentos
(congelados feito os projetos que adiamos)
As chaves do apartamento deixo sob o tapete.
O amor e os sonhos eu levo junto com o meu olhar encantado.

A dor está na caixa pesada que ficou no banheiro.
Não se preocupe, é minha prometo vir buscar no feriado (eu levaria hoje,
se pudesse mas no carro não cabia o mundo inteiro).

(Nalu Nogueira)

Um comentário:

Anônimo disse...

A tristeza contida nos poemas não reflete a doce e alegre luz dos teus olhos. A frieza da dor com que se expressa a poetisa não condiz com o calor do teu sorriso.

P.S.: Mãe, põe alguma coisa mais animadinha aí...