sexta-feira, 2 de abril de 2010
o santo e o profano
ROMEU (a Julieta)
Se minha mão profana o relicário
em remissão aceito a penitência:
meu lábio, peregrino solitário,
demonstrará, com sobra, reverência.
JULIETA
Ofendeis vossa mão, bom peregrino,
que se mostrou devota e reverente.
Nas mãos dos santos pega o paladino.
Esse é o beijo mais santo e conveniente.
ROMEU
Os santos e os devotos não têm boca?
JULIETA
Sim, peregrino, só para orações.
ROMEU
Deixai, então, ó santa! que esta boca
mostre o caminho certo aos corações.
JULIETA
Sem se mexer, o santo exalta o voto.
ROMEU
Então fica quietinha: eis o devoto.
(...)
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